Estrogênio e sua mente: o impacto no bem-estar
- Vanessa Cardoso
- há 6 dias
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O estrogênio é muito mais do que um hormônio reprodutivo feminino; ele é essencial para a saúde mental e o bem-estar geral das mulheres. Suas diferentes formas, como estradiol, estrona e estriol, têm funções únicas, e a progesterona também é crucial para esse equilíbrio complexo.
Entenda os Tipos de Estrogênio
Existem três tipos principais de estrogênio, cada um com papéis distintos:
Estradiol (E2): Essa é a forma mais potente e ativa de estrogênio. Nas mulheres, cerca de 90% são produzido nos ovários, com pequenas quantidades vindas das glândulas adrenais e células de gordura. Durante os anos reprodutivos, o estradiol é o tipo mais abundante, regulando o ciclo menstrual e a fertilidade. Ele também é vital para o desenvolvimento das características sexuais femininas, a saúde óssea, o humor, a energia e a pele.
Estriol (E3): A forma mais fraca de estrogênio, o estriol se torna abundante durante a gravidez. Produzido na placenta, ele ajuda a sustentar a gestação, o desenvolvimento do bebê e prepara os seios para a amamentação.
Estrona (E1): Este é o estrogênio principal em mulheres na menopausa. Conforme os ovários envelhecem e produzem menos estradiol, o fígado e o tecido adiposo (gordura) aumentam a produção de estrona para compensar. Inclusive, um pouco de gordura extra na região abdominal, comum em mulheres maduras, pode ser benéfica para essa produção.
Estrogênio e o Cérebro: Uma Conexão Direta
No cérebro, uma das principais funções do estrogênio é impulsionar a ação dos hormônios do bem-estar, como a serotonina e a dopamina. Ele também pode modificar a produção e o efeito das endorfinas, além de oferecer proteção aos neurônios, promovendo efeitos neuroprotetores. No entanto, é importante saber que o estrogênio também pode causar confusão mental, especialmente durante a perimenopausa ou a menopausa.
O Hormônio e o Humor: Uma Relação Delicada
O estrogênio tem um impacto direto no cérebro, influenciando a produção e a atividade de neurotransmissores essenciais para o humor, como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. Qualquer alteração em seus níveis pode desequilibrar esses mensageiros químicos. Níveis baixos de estrogênio podem levar a sintomas como depressão, ansiedade e irritabilidade, enquanto níveis altos podem estar ligados a euforia e agitação.
Sinais de Desequilíbrio Hormonal
O equilíbrio do estrogênio é fundamental. Tanto a quantidade excessiva quanto a insuficiente podem trazer impactos negativos:
Sintomas de Estrogênio Alto (Dominância Estrogênica):
Ciclos menstruais irregulares e sangramento entre as menstruações.
Sensibilidade, inchaço e desconforto nas mamas.
Mudanças de humor, irritabilidade, ansiedade ou até depressão.
TPM intensa.
Menstruação forte com coágulos.
Miomas uterinos.
Nódulos mamários fibrocísticos.
Ganho de peso, principalmente em quadris, coxas e abdômen.
Baixa energia.
Diminuição da libido.
Dores de cabeça e enxaquecas.
Inchaço e retenção de líquidos nas mãos, pés ou tornozelos.
Dificuldade para dormir.
Sintomas de Estrogênio Baixo:
Menstruação irregular ou ausente.
Ondas de calor e suores noturnos.
Secura vaginal.
Pele ressecada.
Ossos enfraquecidos e maior propensão a fraturas.
Alterações de humor (semelhantes às do excesso de estrogênio).
Sono ruim.
Baixa libido e dor durante o sexo.
Fadiga.
Dificuldade de concentração (a famosa "mente confusa").
Estrogênio e a Saúde Mental a Longo Prazo
Além de afetar o humor diário, o estrogênio é vital para a saúde mental feminina no longo prazo. Níveis baixos têm sido associados a um risco maior de desenvolver transtornos mentais, como a depressão pós-parto e a síndrome pré-menstrual grave. Por outro lado, altos níveis podem estar relacionados a um aumento do risco de transtornos de ansiedade.
Neuroproteção e Função Cognitiva: O Papel do Estrogênio
Os estrogênios, especialmente o estradiol, protegem os neurônios. Eles ajudam o cérebro a se adaptar (plasticidade neuronal) e o defendem contra doenças degenerativas. Esses hormônios estimulam a produção de substâncias como o BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), que são cruciais para a sobrevivência e reparo das células cerebrais. Isso pode explicar por que mulheres na pós-menopausa, com a queda acentuada de estrogênio, têm maior risco de desenvolver doenças neurodegenerativas como o Alzheimer. Além disso, ao influenciar receptores de serotonina e o sistema endocanabinoide, os estrogênios contribuem para um efeito calmante e estabilizador no sistema nervoso central.

O estrogênio, em particular o estradiol, também é fundamental para manter a função cognitiva, promovendo a formação de novas conexões cerebrais (sinapses) e prevenindo o declínio cognitivo, especialmente em áreas ligadas à memória, como o hipocampo.
Estrogênio e as Fases da Vida da Mulher
A menopausa é um período marcado pela diminuição significativa dos níveis de estrogênio, o que pode desencadear sintomas como alterações de humor, ondas de calor, suores noturnos, insônia e baixa libido. As flutuações nos níveis de estrogênio em outras fases, como o ciclo menstrual e a gravidez, também podem causar variações de humor, ansiedade e depressão.
Gerenciando o Equilíbrio Hormonal: Dicas Práticas
Para aliviar os sintomas de desequilíbrios hormonais, incluindo os da menopausa, você pode considerar tratamentos hormonais, como a terapia de reposição hormonal. Medidas alternativas e mudanças no estilo de vida também são muito importantes:
Mantenha uma rotina de sono regular.
Reduza o estresse.
Evite o consumo excessivo de álcool e tabaco.
Busque atividades prazerosas e relaxantes.
Lembre-se: cada mulher é única, e as estratégias mais eficazes podem variar. É essencial encontrar o que funciona melhor para você.
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