Júlia e Pedro, casados há 17 anos, navegavam por águas turbulentas. A paixão ardente da juventude havia se esfriado, dando lugar a uma rotina desgastante e a uma comunicação falha, permeada por silêncios carregados de mágoa e ressentimento. Eles se encontravam em uma crise conjugal.
Um dia, Júlia se deparou com um panfleto sobre uma palestra intitulada "O Eu Superior, o Eu Inferior e a Máscara". Intrigada, convenceu Pedro a acompanhá-la. O palestrante, com um ar sereno e palavras sábias, descreveu a complexidade da personalidade humana de uma forma que tocou profundamente o casal.
A palestra explicava que cada ser humano possui três "eus":
Eu Superior: a centelha divina, a essência pura e radiante.
Eu Inferior: a soma de falhas, fraquezas, egoísmo e vaidade, que obscurece o Eu Superior.
A Máscara: uma camada falsa e irreal, criada para esconder o Eu Inferior do julgamento alheio.
O palestrante enfatizou que a chave para a felicidade residia em reconhecer e confrontar o Eu Inferior, em vez de escondê-lo atrás da Máscara. A honestidade consigo mesmo, por mais difícil que fosse, era o único caminho para a cura emocional e a realização pessoal.
Júlia e Pedro se entreolharam, reconhecendo nos conceitos da palestra um reflexo de sua própria relação. As Máscaras que haviam construído ao longo dos anos, na tentativa de agradar um ao outro e evitar conflitos, os haviam distanciado de sua verdadeira essência e sufocado a comunicação autêntica.
Inspirados pela palestra, eles decidiram iniciar um diálogo sincero sobre suas falhas, medos e expectativas. Descobriram que, por trás das Máscaras de perfeição que cada um vestia, escondiam-se inseguranças e frustrações que, por não serem verbalizadas, haviam se transformado em ressentimentos e acusações mútuas.
O processo foi doloroso, e ambos precisaram de ajuda profissional para entender como remover uma casca protetora que, embora escondesse feridas, também impedia a cura.
Mas, com cada confissão, com cada lágrima compartilhada, eles se sentiam mais próximos e conectados. Aprenderam a reconhecer seus próprios Eus Inferiores, com suas falhas e egoísmos, sem se condenarem por isso. E, ao se permitirem ser vulneráveis um com o outro, começaram a vislumbrar a beleza e a força de seus Eus Superiores, que ansiavam por se expressar livremente.
Ao longo do processo, o humor se tornou um aliado inesperado. Reconhecendo o absurdo de algumas de suas Máscaras, eles passaram a rir de si mesmos e da situação. O riso, como um bálsamo, aliviava a tensão e permitia que enxergassem seus problemas sob uma nova perspectiva.
Um dia, enquanto liam o jornal, Pedro se deparou com uma notícia sobre o Sputnik, o primeiro satélite artificial a orbitar a Terra. "Lembra da palestra?", ele disse a Júlia, com um sorriso. "O palestrante disse que o Sputnik em si não importava, o que realmente importava era o que os humanos fariam com ele."
Júlia sorriu de volta, compreendendo a analogia. Assim como o Sputnik, os conceitos da palestra eram apenas ferramentas. O que realmente faria a diferença em suas vidas era a forma como aplicariam esses conhecimentos em sua relação.
E assim, com honestidade, coragem e uma pitada de bom humor, Júlia e Pedro reconstruíram seu casamento sobre bases mais sólidas e autênticas. As Máscaras foram deixadas de lado, e o amor, antes adormecido sob camadas de ressentimento, floresceu novamente, mais forte e verdadeiro do que nunca.
História escrita baseada no conteúdo da palestra 014 do Pathwork®. Todas as palestras estão disponíveis em www.vhterapias.com.br/pathwork
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