Navegar é a Vida
- Heitor G. Fagundes

- 4 de set.
- 2 min de leitura
A vida muda o tempo todo. Às vezes está tudo calmo — o céu azul, o vento gentil, e dentro de nós uma sensação boa de que estamos no rumo certo. Em outros momentos, tudo vira. O tempo fecha, as águas se agitam, e parece que perdemos o controle.
É comum achar que os dias tranquilos são os “normais” e que os difíceis são erros ou castigos. Mas e se não for assim? E se o mar, com suas variações, for exatamente o que precisamos para aprender a navegar?
Cada um de nós é um barquinho neste oceano da existência. Em algumas áreas da vida, já aprendemos a conduzir com firmeza. Sabemos como agir, sentimos segurança, reconhecemos os ventos e usamos bem as velas. Mesmo quando vêm as ondas grandes, conseguimos manter alguma calma. Em outras áreas, porém, ainda nos assustamos fácil.
Soltamos o leme, nos deixamos levar pela correnteza, esperando que algo ou alguém venha nos resgatar.
Mas talvez o grande segredo esteja em entender que o mar não quer nos derrubar — ele quer nos acordar.
A vida traz desafios sim. Às vezes são situações externas. Outras vezes, confusões internas. Inseguranças, impulsos, medos antigos. Coisas que não sabemos muito bem de onde vêm. Mas elas vêm. E vêm para que a gente pare, olhe, e diga: “O que está pedindo minha atenção aqui?”
Esses momentos não são falhas no sistema. São como testes silenciosos. E a questão nunca é “por que isso está acontecendo comigo?”, mas sim “como estou respondendo a isso agora?”
Em meio a tudo isso, é fácil se enganar. Às vezes achamos que estamos sendo justos, quando na verdade estamos com medo. Às vezes achamos que estamos certos, mas estamos apenas tentando evitar a dor de olhar mais fundo. O mar mexe com tudo dentro da gente. Mas também revela.
É aí que o trabalho começa.
Quando decidimos pegar o leme de volta — mesmo com as mãos tremendo — algo muda. Começamos a sentir que não estamos mais tão à mercê. Que podemos, sim, escolher como navegar. Não para controlar o mar, mas para encontrar um ritmo mais verdadeiro dentro de nós.
Aos poucos, vamos percebendo que algumas das nossas dores vêm de nós mesmos. De nós tentando evitar, fingir, agradar ou controlar. E que soltar esses hábitos, um por um, é como desatar nós antigos. E quanto mais nós a gente desfaz, mais o mar se acalma por dentro.
Não é sobre virar um mestre de navegação da noite para o dia. É sobre estar disposto a aprender. Sobre parar de lutar contra a maré interna e começar a escutar. Às vezes tudo o que precisamos é de um momento de silêncio, uma oração simples, ou o gesto sincero de dizer: “Me mostra o caminho.”
A vida continua sendo mar. Mas dentro de nós nasce um centro. Um espaço firme, silencioso e lúcido. E é desse lugar que a gente aprende, aos poucos, a navegar.
Baseado na Palestra Pathwork 001 – O Mar da Vida
Se quiser ouvir este texto e meditar sobre ele é só acessar no Youtube em : https://www.youtube.com/playlist?list=PL9_WFoS7J2qRScUxpryzpgDIPT5m5bEOY








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